Viver sem medo

O desafio, desta vez, consistia em refletir sobre uma fotografia atual do local onde ocorreram os atentados do 11 de setembro de 2001. Tive oportunidade de visitar aquele espaço, antes e depois do acontecimento. Impactante, arrepiante, inesquecível.

Não poderá ser esquecido como uma tragédia nunca o será – e, de lá para cá, infelizmente, houve tantos outros atentados, nos variados pontos do globo. Muitos deles, nem fazemos ideia de que sucederam porque a comunicação social não lhes confere valor e, por isso, não são mote de abertura de telejornais. As reportagens alargadas com todos os ângulos de um acontecimento fatídico só se materializam quando as vítimas dizem respeito ao Ocidente e ao chamado primeiro mundo – isso daria um outro texto.

Como todos sabemos, a responsabilidade dos ataques às Torres Gémeas foi atribuída à organização fundamentalista Al-Qaeda e ao seu líder Bin Laden. O que menos se aborda é a atitude do mundo ocidental e, em particular, dos Estados Unidos, no que se refere ao incremento do sentimento anti islamita e discriminatório. Não será esse, também, um dos ingredientes para alimentar o clima de terror que se seguiu a 2011 e o qual se tem vindo a intensificar, nos últimos anos? Estudos realizados no âmbito dos piores atentados recentes comprovam essa teoria, uma vez que indicam que 1 em 4 terroristas frequentaram universidades ocidentais, estando, desse modo, integrados na sociedade no momento em que decidem tornar-se militantes de organizações terroristas.


Desafio#08 (Magda Fonte)
Autoria da Fotografia: Magda Fonte

Por considerar que um evento desta magnitude engloba variáveis demasiado complexas – e, muitas delas, desconhecidas do público em geral - escrever sobre o 11 de setembro representa, para mim, um autêntico desafio porque gosto pouco de me tornar cliché – bastante tinta correu nos últimos 16 anos. Mais do que debater o contexto, importa honrar o ser humano, elevando um respeito absoluto por todas as vidas que se perderam naquele dia. Gostaria de destacar, assim, o monumento de homenagem construído no antigo World Trade Center, no qual podem ser lidos os nomes das vítimas mortais 9/11 Memorial & Museum.

Cada nome gravado naquele mural representa muito mais do que um conjunto de letras, ou de uma identidade. Cada nome reporta a um mundo único que deixou de existir, de um instante para outro. Alguém que deixou sem mundo as pessoas que o amavam. A propósito disto lembrei-me, de um filme que vi há uns anos - «Extremamente alto, incrivelmente perto» - que conta com as interpretações de Tom Hanks, Sandra Bullock e o jovem ator Thomas Horn. Esta película aborda a temática do 11 de setembro como pano de fundo, tocando, de uma forma peculiar, o essencial de uma tragédia: as perdas. O processo de luto e o vencer dos medos sob o ponto de vista de um menino, muito especial, que ficou sem pai.

Inspirando-me na ideia do filme, a mensagem a reter talvez seja a de não permanecermos reféns do pânico, não obstante as marcas irreparáveis que se instalaram - há um antes e um depois do 11 de setembro. Viver sem medo será a melhor homenagem aos que partiram. Porque o medo nunca poderá sair vencedor…


“No day shall erase you from the memory of time”

(Virgil)


Nota: Este texto foi elaborado no âmbito do Desafio Celestices (#08). A fotografia fornecida por Magda Fonte serviu de ponto de partida e inspiração para a redação do texto. 
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Texto en Español
El desafío, esta vez, consistía en reflexionar sobre una fotografía actual del lugar donde ocurrieron los atentados del 11 de septiembre de 2001. Tuve la oportunidad de visitar ese espacio, antes y después del acontecimiento. Impactante, escalofriante, inolvidable.

No puede ser olvidado como una tragedia nunca lo será - y, de allá para allá, desafortunadamente, hubo tantos otros atentados, en los variados puntos del globo. Muchos de ellos, ni siquiera tenemos idea de que han sucedido porque la comunicación social no les confiere valor y, por lo tanto, no son notas de telediarios. Los reportajes ampliados con todos los ángulos de un acontecimiento fatídico sólo se materializan cuando las víctimas se refieren al Occidente y al llamado primer mundo - eso daría otro texto.

Como todos sabemos, la responsabilidad de los ataques a las Torres Gemelas fue atribuida a la organización fundamentalista Al-Qaeda ya su líder Bin Laden. Lo que menos se aborda es la actitud del mundo occidental y, en particular, de los Estados Unidos, en lo que se refiere al incremento del sentimiento anti islamista y discriminatorio. ¿No será éste, también, uno de los ingredientes para alimentar el clima de terror que siguió a 2011 y el que se ha venido a intensificar en los últimos años? Los estudios realizados demuestran esta teoría, ya que indican que 1 de cada 4 terroristas frecuentaron  universidades occidentales y se integraron en la sociedad en el momento en que deciden convertirse en militantes de organizaciones terroristas.

Por considerar que un evento de esta magnitud abarca variables demasiado complejas -y, muchas de ellas, desconocidas del público en general - escribir sobre el 11 de septiembre representa, para mí, un auténtico desafío porque me gusta poco de ser comun - bastante tinta corrió en los últimos 16 años. Más que debatir el contexto, es importante honrar al ser humano, elevando un respeto absoluto por todas las vidas que se perdieron aquel día. Me gustaría destacar, así, el monumento de homenaje construido en el antiguo World Trade Center, en el que se pueden leer los nombres de las víctimas mortales - 9/11 Memorial & Museum.

Cada nombre grabado en aquel mural representa mucho más que un conjunto de letras, o de una identidad. Cada nombre reporta a un mundo único que ha dejado de existir, de un instante a otro. Alguien que dejó sin mundo a las personas que lo amaban. A propósito de esto me acordé, de una película que vi hace unos años - "Extremadamente alto, increíblemente cerca" - que cuenta con las interpretaciones de Tom Hanks, Sandra Bullock y el joven actor Thomas Horn. Esta película es sobre la temática del 11 de septiembre, tocando, de una forma especial, lo esencial de una tragedia: las pérdidas. El proceso de duelo y el vencer de los miedos desde el punto de vista de un niño, muy especial, que se quedó sin padre.

Inspirándome en la idea de la película, el mensaje a retener quizá sea la de no permanecer rehenes del pánico, a pesar de las marcas irreparables que se instalaron - hay un antes y un después del 11 de septiembre. Vivir sin miedo será el mejor homenaje a los que partieron. Porque el miedo nunca podrá salir vencedor ...

“No day shall erase you from the memory of time”
(Virgil)



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