A meditação mudou a minha vida
Não
sou adepta de usar expressões clichés
como «algo mudou a minha vida» porque sinto-me, de certo modo, arrogante, como
se estivesse a discutir o argumento de um filme dramático no qual se conhece,
de cor e salteado, os vais e vens da
personagem principal. Porém, neste caso, não tenho a menor dificuldade em dizê-lo:
A meditação mudou a minha vida. Ou
melhor, a meditação mudou a minha forma
de encarar a vida. É isso!
Tudo
começou com a recomendação de uma grande amiga: - “Tens de fazer este curso! É online e gratuito!” Tratava-se de um
curso de MBRS* – Mindfulness Based Stress
Reduction – baseado no modelo criado pelo pai do Mindfulness, o Jon Kabat Zin. De uma qualidade científico -pedagógica
inquestionável, este curso tem a duração de 8 semanas, as quais, para mim, resultaram
numa mudança de atitude. Na verdade, o processo interno de transformação iniciou
bem antes…
Acredito
que as mudanças - as verdadeiras - não acontecem de um momento para outro. Bem
sei, por experiência, que há acontecimentos que impelem transformações radicais
no nosso caminho e que, nessas situações, a vida parece alterar-se instantânea
e abruptamente. No entanto, mesmo em ocasiões de corte súbito com a realidade
que conhecemos, o processo de mudança não deixa de ser um processo – composto
por etapas, mesmo que a duração cronológica das mesmas dê a ideia que não
sucederam ou que ocorreram rápido demais.
Voltando,
assim, ao meu processo de mudança, recordo, há muitos anos atrás, o primeiro
contacto que tive com a prática contemplativa: os momentos de relaxamento num
curso de teatro que frequentei e as aulas de Yoga Tibetano que me tornaram um
pouco mais consciente do meu corpo e da respiração - antes disso, não perdia
muito tempo a dar atenção às sensações que ele
me indica, momento a momento.
Depois
dessas primeiras experiências, fui ganhando uma certa curiosidade pela
meditação, sem saber, em concreto em que consistia, até que, um dia, a necessidade
falou mais alto. Atravessando um período de mudanças radicais – as tais que não
pedem licença – o stress e a
ansiedade foram apoderando-se da minha pessoa... A ansiedade gostava de se
fazer notar pela manhã, em que cada amanhecer se manifestava numa autêntica
angústia. Os problemas acumulavam – um azar nunca vem só – e, foi aí que, por
acaso, comecei a ouvir algumas músicas/frequências meditativas que ia encontrando
no Youtube – muitas delas sem grande
qualidade, mas serviram o propósito. Esses momentos de relaxamento surtiram
efeito, uma e outra vez, e comecei a fazê-lo com maior regularidade, deixando-me
levar pelo meu instinto. Hoje sei que o que fiz foi, simplesmente, aceitar o
momento, estar ali com/na emoção, sem querer controlar ou resolver nada.
Felizmente,
os tempos stressantes passaram – as nuvens cinzentas não duram para sempre e
dão lugar ao sol. Tudo foi acalmando, dentro e fora de mim e a curiosidade em
relação à pratica meditativa jamais me largou. Continuei a procurar informação
em várias fontes, a frequentar outras formações, a adquirir livros e a ver documentários
que me abriram portas para o conhecimento sobre a neuroplasticidade do cérebro -
a meditação tem inúmeros benefícios para a nossa saúde, comprovados
cientificamente.
Atualmente
pratico meditação quase todos os dias – há um ou outro dia que me baldo, porém,
quando isso acontece, sinto logo a sua falta. As rotinas do presente integram a
meditação – 10/15 minutos diários, preferencialmente, matinais – e a busca por
momentos em que simplesmente sou –
abandonando o modo frenético de ‘fazer-fazer-fazer’ ou
‘consumir-consumir-consumir' a que o mundo de hoje nos habituou.
Percebi,
entretanto, que a minha capacidade de atenção foi incrementada, o que me tem
tornado efetivamente mais hábil na gestão do meu tempo, com mais energia para
as tarefas do dia a dia. Tenho-me descoberto mais paciente, sobretudo comigo –
o que é ótimo para alguém que sempre foi demasiado exigente consigo mesmo.
Também tenho feito descobertas em relação aos outros, sinto-me mais tolerante perante
as diferenças e os conflitos. Continuo a ruminar, a ter os meus momentos de
revolta e de angústia, mas em menor frequência do que antes – talvez porque
agora consiga aperceber-me do seu surgimento.
O
mundo não é cor de rosa, nem perto disso! A meditação não consiste numa solução
mágica para todos os problemas. O que sei é que agora disponho de ferramentas emocionais
que me tornam mais capaz de lidar com as adversidades, de disfrutar dos
momentos. E, sobretudo, de ser feliz.
“Meditation practice isn't about trying to throw ourselves away
and become something better. It's about befriending who we are already”.
(Pema Chodron)
_____________________________________________
Texto en Español
La meditación cambió mi vida
No soy adepta de
usar expresiones clichés como "algo cambió mi vida" porque me siento,
en cierto modo, arrogante, como si estuviera debatiendo el argumento de una
película dramática en la que se conoce, de memoria, los vais y de los
personajes principales. Pero en este caso, no tengo la menor dificultad en
decirlo: La meditación ha cambiado mi vida. O mejor, la meditación cambió
mi forma de encarar la vida. ¡Es eso!
Todo empezó con
la recomendación de una gran amiga: - "¡Tienes que hacer este curso!
"Es online y gratuito!" Se trataba de un curso de MBRS * -
Mindfulness basado Stress Reduction - basado en el modelo creado por el padre
de Mindfulness, el Jon Kabat Zin. De una calidad científica -pedagógica
incuestionable, este curso tiene una duración de 8 semanas, las cuales, para
mí, resultaron en un cambio de actitud. En realidad, el proceso interno de
transformación comenzó mucho antes ...
Creo que los
cambios -los verdaderos- no suceden de un momento a otro. Bien sé, por
experiencia, que hay acontecimientos que empujan transformaciones radicales en
nuestro camino y que, en esas situaciones, la vida parece alterarse instantánea
y abruptamente. Sin embargo, incluso en ocasiones de corte súbito con la
realidad que conocemos, el proceso de cambio no deja de ser un proceso -
compuesto por etapas, aunque la duración cronológica de las mismas dé la idea
que no sucedió o que ocurrieron demasiado rápido.
Volviendo, así,
a mi proceso de cambio, recuerdo, hace muchos años, el primer contacto que tuve
con la práctica contemplativa: los momentos de relajación en un curso de teatro
que frecuente y las clases de Yoga Tibetano que me hicieron un poco más
consciente de mi cuerpo y de la respiración - antes de eso, no perdía mucho
tiempo prestando atención a las sensaciones que él me indica, momento a momento.
Después de esas
primeras experiencias, fui ganando una cierta curiosidad por la meditación, sin
saber, en concreto en que consistía, hasta que, un día, la necesidad habló más
alto. Pasando por un período de cambios radicales - esos que no piden permisso para
llegar- el estrés y la ansiedad se apoderaron de mi persona ... La ansiedad le
gustaba hacerse notar por la mañana, en que cada amanecer se manifestaba en una
auténtica angustia. Los problemas acumulaban - un azar nunca viene solo - y,
ahí, por casualidad, empecé a escuchar algunas canciones / frecuencias
meditativas que iba encontrando en Youtube - muchas de ellas sin gran calidad,
pero sirvieron el propósito. Estos momentos de relajación surtieron efecto, una
y otra vez, y empecé a hacerlo con mayor regularidad, dejándome llevar por mi
instinto. Hoy sé que lo que hice fue simplemente aceptar el momento, estar allí
con / en la emoción, sin querer controlar o resolver nada.
Afortunadamente,
los tiempos estresantes pasaron - las nubes grises no duran para siempre y dan
lugar al sol. Todo fue calmando, dentro y fuera de mí y la curiosidad en
relación a la práctica meditativa jamás me dejó. He seguido buscando
información en varias fuentes, frecuenté otras formaciones, leí libros y vi
documentales que me han abierto puertas para el conocimiento sobre la
neuroplasticidad del cerebro - la meditación tiene innumerables beneficios para
nuestra salud, comprobados científicamente.
Actualmente
practico meditación casi todos los días - hay uno o outro que me colgo, pero
cuando eso sucede, siento su falta. Las rutinas del presente integran la
meditación - 10/15 minutos diarios de preferencia por la mañana - y la búsqueda
por momentos en que simplemente soy - abandonando el modo frenético
de 'hacer-hacer-hacer' o 'consumir-consumir-consumir' a que el " el mundo
de hoy nos habituó.
Percibí que mi
capacidad de atención fue incrementada, lo que me ha hecho efectivamente más
hábil en la gestión de mi tiempo, con más energía para las tareas del día a
día. Me he descubierto más paciente, sobre todo conmigo - lo que es maravilloso
para alguien que siempre ha sido demasiado exigente consigo mismo. También he
hecho descubrimientos en relación a los demás, me siento más tolerante ante las
diferencias y los conflictos. Continúo rumiando, a tener mis momentos de
revuelta y de angustia, pero en menor frecuencia que antes, tal vez porque
ahora pueda percibirme de su surgimiento.
¡El mundo no es
de color rosa, ni cerca de eso! La meditación no consiste en una solución
mágica para todos los problemas. Lo que sé es que ahora dispongo de
herramientas emocionales que me hacen más capaz de vivir con las adversidades,
de disfrutar de los momentos. Y, sobre todo, de ser feliz.
"La prática de la meditación no está tratando de cambiarnos y hacernos diferentes. Es acerca de la aceptarmos lo que ya somos".
(Pema Chodron)
Comentários
Enviar um comentário