Amor...

O grande Gabriel Garcia Marquez presentou-nos com um legado literário maravilhoso, do qual «Amor em tempos de cólera» é um exemplo de excelência pela forma como discorre sobre a vida, o amor e o tempo - três ingredientes especiais, que se misturam, em doses nem sempre proporcionais.

O amor - entenda-se, o amor conjugal – tem sido, ao longo dos tempos, objeto de inspiração de inúmeras obras de arte. Fascina-nos, ao mesmo tempo que nos apavora. Faz-nos sentir vivos – e de que maneira! – pelo arrepiar dos momentos de paixão e pela satisfação de nos sentirmos amados. Na verdade, o nosso ego diverte-se, cá dentro, mandando-nos bocas, e pede-nos, constantemente, que lhe provemos que somos merecedores do amor de alguém, apesar das nossas múltiplas imperfeições. Para o ego, não basta dizermos a nós mesmos que somos bons – uau! – é fundamental que sejamos desejados e queridos por outra pessoa – por sua vez, com um ego com exigências semelhantes. 

Desafio #10: Lizete Cabrita

Autoria da Imagem: Adriana Oliveira (Mundo Flo)

Acredito, por isso, que sermos correspondidos num sentimento de amor constitui uma das melhores sensações do mundo e é, sem dúvida, o que dá sentido à própria existência: “A única coisa que me dói de morrer é que não seja de amor” *. Talvez porque se trate de uma autêntica lotaria encerra, em si mesma, uma aura de mistério na qual vislumbramos o copo, umas vezes, meio cheio; outras, meio vazio. Com efeito, o amor, tanto nos leva aos píncaros da felicidade como nos torna o mais miserável de todos os homens. Manifesta-se visceral: - “Bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ele e depois à mãe para comprovar uma vez mais que os sintomas do amor são os mesmos da cólera.” * – na mesma medida em que um abraço se transforma num refúgio de paz. 

Levar em diante um relacionamento entre duas pessoas constitui um verdadeiro desafio - nem sempre bem-sucedido, tantas vezes falhado. O tempo costuma mostrar-se um fiel companheiro, embora também cristalize algumas dificuldades. Tendemos a querer mudar o outro e ele a nós e, nesse processo, esquecemos de nos lembrar que o amor é mais simples do que julgamos: - “Só porque alguém não te ama da forma como tu queres, não significa que não te ame com todo o seu ser” *. Na verdade, não há fórmulas mágicas para este fenómeno completamente fora do nosso controlo. Não comandamos nada, nem o tempo, nem a vida, nem o amor. 

Assim, só nos resta, dar bom uso ao coração e amar com toda a alma… na esperança de que, na volta do correio, o amor seja devolvido.

“Era o tempo em que eles se amavam melhor, sem pressa ou excesso, quando ambos estavam mais conscientes e gratos pelas suas incríveis vitórias sobre a adversidade. A vida iria apresentar-lhes outros desafios mortais, com certeza, mas isso já não importava: eles estavam na outra margem.” *

* In “Amor em tempos de cólera”, Gabriel Garcia Marquez

Nota: Este texto foi elaborado no âmbito do Desafio Celestices (#10). A temática do livro «Amor em tempos de cólera» (Gabriel Garcia Marquez) fornecida por Lizete Cabrita serviu de ponto de partida e inspiração para a redação do texto.

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Texto en Español

Amor ...

El gran Gabriel García Marquez nos ha presentado un legado literario maravilloso, del que «Amor en tiempos de cólera» es un ejemplo de excelencia por la forma en que escribe sobre la vida, el amor y el tiempo - tres ingredientes especiales, que se mezclan, en dosis no siempre proporcionales.

El amor - se entiende, el amor conyugal - ha sido, a lo largo de los tiempos, objeto de inspiración de innumerables obras de arte. Fascina, al mismo tiempo que nos asusta. Nos hace sentir vivos - y de qué manera! - por el temblor de los momentos de pasión y por la satisfacción de sentirnos amados. En verdad, nuestro ego se divierte, adentro, y nos pide constantemente que le proveemos que somos merecedores del amor de alguien, a pesar de nuestras múltiples imperfecciones. Para el ego, no basta con decirnos a nosotros mismos que somos buenos - wow! - es fundamental que seamos deseados y queridos por otra persona - a su vez, con un ego con exigencias similares.

Por lo tanto, creo que ser correspondidos en un sentimiento de amor constituye una de las mejores sensaciones del mundo y es, sin duda, lo que da sentido a la propia existencia: "La única cosa que me duele de morir es que no sea de amor". Tal vez porque se trata de una auténtica lotería encierra en sí misma un aura de misterio en la que vislumbramos el vaso, unas veces, medio lleno; otras, medio vacío. En efecto, el amor, tanto nos lleva a los pilares de la felicidad como nos hace el más miserable de todos los hombres. Se manifiesta visceral: - "Bastó al médico un interrogatorio insidioso, primero a él y después a la madre para comprobar una vez más que los síntomas del amor son los mismos de la cólera." * - en la misma medida en que un abrazo se transforma en un refugio de paz.

Llevar adelante una relación entre dos personas constituye un verdadero desafío - no siempre exitoso, tantas veces fallado. El tiempo suele mostrarse un fiel compañero, aunque también cristaliza algunas dificultades. Tendemos a querer cambiar el otro y él a nosotros y, en ese proceso, olvidamos de recordarnos que el amor es más simple de lo que juzgamos: - "Sólo porque alguien no te ama de la forma que tú quieres, no significa que no te ame con todo su ser "*. En realidad, no hay fórmulas mágicas para este fenómeno completamente fuera de nuestro control. No guiamos nada, ni el tiempo, ni la vida, ni el amor.

Así, sólo nos queda, dar buen uso al corazón y amar con todo el alma ... con la esperanza de que, en la vuelta del correo, el amor sea devuelto.

"Era el tiempo en que ellos se amaban mejor, sin prisa o exceso, cuando ambos estaban más conscientes y agradecidos por sus increíbles victorias sobre la adversidad. La vida iba a presentarles otros desafíos mortales, con certeza, pero eso ya no importa: ellos estaban en la otra orilla. "*

* In "Amor en tiempos de cólera", Gabriel García Marques